sábado, 9 de julho de 2011

Expulsão ainda que tardia


Numa reunião que durou exatos 60 minutos, o diretório do Partido dos Trabalhadores de Teresópolis expulsou de seus quadros o prefeito Jorge Mario Sedlacek e os vereadores Clayton Valentim e Ademir Enfermeiro.

Na prática os interessados até podem recorrer à instâncias superiores do partido, mas a presença do presidente do diretório regional, Jorge Florêncio, observador atento da reunião, foi um indicativo de que haverá dificuldades para o retorno do trio ao PT.

Por outro lado a decisão do diretório pavimenta o caminho para que o prefeito de Teresópolis e os dois vereadores busquem novos rumos, sem maiores riscos de perderem os mandatos.

Jorge Mario, que nunca teve sequer um cacoete petista, já viu – a informação é de pessoas filiadas ao próprio partido - negado o refúgio que procurou no PMDB. Segundo outras fontes, vai abrigar-se no futuro PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

É bom lembrar que o agora ex-petista foi eleito num momento em que dois terços do eleitorado tinham em mente impedir o retorno de Mario Tricano - líder de rejeição nas pesquisas - à prefeitura municipal. Na undécima hora o candidato petista foi escolhido porque os eleitores o julgaram em melhores condições de derrotar o ex-prefeito.

Até mesmo o tradicional conservadorismo do eleitor teresopolitano foi momentaneamente esquecido para dar a vitória a Jorge Mario Sedlacek. Na eleição seguinte, para presidente da república, o PT, com apoio reticente do prefeito, foi fragorosamente batido nas urnas.

A postura de Jorge Mario Sedlack, desde o início do mandato, foi a de alguém que assumiu “para dirigir sozinho os negócios”. Alguns de seus companheiros de primeira hora, gente que trabalhou duro na campanha e até mesmo os primeiros indicados por deputados amigos foram descendo do ônibus. Ou sendo expulsos dele.

Nesse grupo estavam pessoas com as quais o prefeito parecia ter laços mais ou menos profundos e que deveriam, supunha-se, ser convocadas para opinar no dia a dia da administração.

Não foram. Os laços acabaram desfeitos e a competência de quadros importantes na prefeitura foi sendo paulatinamente substituída pela incerteza pontuada pela presença de desconhecidos. Alguns deles chegando acompanhados de históricos desabonadores e aventuras nem sempre bem sucedidas em outros municípios.

As primeiras atitudes do novo prefeito já revelavam um caráter egocêntrico, narcisista, prepotente, ávido pelo mando. Mas também incapaz de permitir que, já nas primeiras semanas de seu mandato, as suspeitas de corrupção começassem a rondar sua triste figura.

Ao episódio dos caminhões de lixo que seriam contratados sem licitação - uma operação barrada pela Câmara Municipal - seguiram-se novas licitações suspeitas, suspeitas de adulteração no Diário Oficial, contratações de empresas sem endereço e outras estrepolias.

O prefeito conseguiu nas ruas a mesma unanimidade obtida ontem no diretório do PT. Seu projeto de oito anos à frente do executivo municipal está inexoravelmente falido e, a não ser um pequeno grupo de interessados em participar do “banquete”, sua popularidade nas ruas e botequins da vida é igual a zero.

A expulsão de Jorge Mario do PT, claro, não liberta Teresópolis de sua pífia administração e seus irrecuperáveis desatinos. O preço a pagar ainda terá que ser avaliado, mas os próximos anos serão necessariamente, de recuperação do retrocesso. Jorge Mario sai do PT pela porta dos fundos.

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